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Cobra Kai review
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Review of Cobra Kai

Particularmente nunca fui fã de Karatê Kid, via quando era mais novo na televisão mais por não ter outra coisa passando, mais que nada porque a narrativa original era um tanto previsível e conveniente em certos aspectos, me agradava a mensagem de usar a violência para resolver problemas como o bully, no mais só me resta a nostalgia. Cobra Kai por outro lado é um experimento bem mais interessante e inovador se concentrando em um personagem que foi derrotado e que anteriormente era posto como vilão, se concentrar no vilão que foi derrotado e mostrar os pontos desde a sua perspectiva não é algo único na ficção mas que sempre é mais interessante que os personagens que são puros e bonzinhos porque sim, concordo que há motivos razoáveis e também concordo que existem maneiras corretas de se fazer isso sem parecer sermoneiro e previsível, no caso de Lawrence foi uma excelente forma de reviver a franquia, primeiro porque Lawrence é mais carismático e identificável que Daniel, sua saga de descensão e reascensão são a melhor parte da série sem dúvidas, a construção e evolução do seu personagem é bem consistente, não só sua construção como a química com os outros personagens é o que o tornou a série mais divertida e com uma identidade própria independente da saga de filmes.

Menciono Lawrence e critico Daniel-san mas na verdade é que o seu desenvolvimento é muito bem executado na série, mostrando sua mudança de jovem rebelde para um pai de uma família que não o leva a sério trabalhando em um emprego monótono e estressante, tão logo revivendo a sua paixão pelo karatê dando um novo propósito pra sua vida. Outros personagens também possuem um certo transfundo interessante como Robby, Miguel, Tory, me agrada como a série trata esse choque geracional sem cair no panfletarismo ideológico, Lawrence é um redneck machista e antiquado e todas as terminologias anti-pol, gosto que não tratem como "muh como ele é mau e retrógado e a minha geração é a mais iluminada e compreensiva mesmo tendo o dobro de problemas emocionais" no entanto esses aspectos da personalidade de Lawrence são a parte mais engraçada e identificável, o que realmente é representado como negativo, e com razão aliás em Lawrence é a sua relação com o filho, uma relação de abandono e distância que chega a ser trágica em alguns momentos. O drama de Daniel também é razoável com o personagem recebendo um tom mais cinza cometendo certos erros e sendo neurótico e controlador em várias ocasiões, todavia essa dualidade que ambos, Lawrence e Daniel tem é o que torna a química entre o restante dos personagens mais interessante, Daniel é mais calmo e pacífico enquanto que Lawrence é mais explosivo, isso reflete não só na personalidade de cada um como também na forma de ambos lutarem.

O que nos leva a filosofia e os temas da série, a filosofia da obra é mais uma ideia pacífica, o que é algo que deve ser explicado, ser pacífico não é o mesmo que pacifista, que não devemos ser cretinos mas que sim devemos nos defender e retribuir a agressão, algo que muitas séries pacifistas como Steven Universe parecem não entender é que certos problemas só podem ser resolvidos com violência, que de fato há gente cretina no mundo e que não há palavra ou discurso que possa convence-las, que a violência pode e deve ser usada em várias ocasiões da vida, especialmente se tratando de bullying, mostrando a importância do esporte de criar não apenas pessoas fisicamente fortes mas como também de formar jovens mentalmente resilientes através da disciplina, esse é o aspecto que mais aprecio dos shounens e obras de esporte no geral, são obras que inspiram a resiliência e a força de vontade, algo bastante carente nos tempos atuais onde palavras machucam e é ser fraco é promovido como algo bom, isso é, em países primeiromundistas onde o capitalismo e o hedonismo predominam, é uma autêntica homenagem aos esportes de artes marciais, por outro lado não é como se a série estivesse romantizando a violência, pelo contrário possui uma mensagem inteligente sobre equilíbrio e responsabilidade, que cada um possui os seus pontos de vista e que não devemos cair na desumanização e na falta de princípios. A série também ensina o quanto é divertido bater, como se machucar pode ser mais divertido que viver em uma redoma, como a luta pode ascender a chama da vida em uma pessoa, mais um ponto pro diretor. Tanto a filosofia de Lawrence quanto a de Daniel se somam em uma brilhante mensagem sobre não fugir dos problemas.

Com tudo isso dito poderiam esperar uma nota alta não? Sim e não, apesar de gostar e aprovar toda a mensagem da série eu devo dizer que a série possui alguns problemas que apestam, o primeiro é o de ser demasiado conveniente em vários aspectos, isso é um personagem fica paralisado e após uma rápida recuperação volta a lutar em campeonatos, em alguns pontos também senti que a série estava forçando certas interações entre os personagens, algo não natural, também devo dizer o quanto me entedia e o quanto detesto drama adolescente "estava com a minha namorada muhh vou quebrar a sua coluna muhh" dios mio, a série concentra demasiado tempo nesses aspectos, em relações que simplesmente não consigo me importar e se há um personagem que conseguiu me irritar particularmente é Samanta, dios, o seu namorado quebra a coluna, passa por uma série de merdas e ainda sim age como se ela tivesse sido a vítima, fora que ela faz um monte de cagadas e nunca é castigada severamente com os outros, nesse nível da história já estava torcendo pra que Tory, a sua outra rival lhe arrebenta-se os dentes. O restante dos personagens é passável, Miguel é um imigrante latino e franzino que tem aprender a lutar pra não sofrer bullying, Robby é o filho abandonado de Lawrence, que no início da série é retratado como um marginal maconheiro e que rapidamente se torna amigo de Daniel noivo de Samanta, Tory é a típica valentona que perturba a vida confortável da protagonista e tão logo descobrimos que sua mãe é uma incapaz e que tem trabalhar em dois empregos pra manter o aluguel e não ser despejada, alguém que no início é retratada como uma cretina mas que ao longo das temporadas conseguimos desenvolver uma genuína empatia, de novo, como podem perceber, são vários transfundos interessantes e que dariam espaço a um excelente desenvolvimento de personagem mas que infelizmente é opacado pelo romance adolescente, sinceramente quero ver rock, violência e rule of cool regrado a parricídio freudiano e não drama de novela mexicana.

Outro problema é o fato da série ser apressada em vários momentos, isso é, um personagem tem um problema, aprende karatê em um espaço de tempo mínimo e pronto! Na vida real leva anos para se desenvolver um nível razoável de técnica a ponto de enfrentar vários de uma só vez, vamos, Miguel enfrentou 5 valentões ao mesmo tempo mesmo recebendo apenas algumas semanas de treino, não vou nem entrar no mérito da efetividade de algumas artes marciais, não me refiro exatamente ao karatê mas é fato que algumas dessas técnicas e posturas são algo muito mais ritualístico do que algo para se usar em uma situação real, as artes marciais mais efetivas tendem a ter menos poses, menos precisão dos movimentos e tendem a envolver socos ou agarrões e mesmo essas só são efetivas com meses ou anos ou décadas de treino e ainda sim corre o risco do inimigo simplesmente usar uma arma de fogo ou uma faca. Esse ponto eu desconsidero por ser de qualquer forma um incentivo ao esporte e não é como se o esporte fosse o centro de tudo como em outras séries. O primeiro vilão Johnny Kreese é basicamente o professor de Whiplash, a diferença é que a Fletcher importava mais a disciplina, para Kreese importa mais vencer não importa os métodos ou os meios, ou seja ele é um sociopata, Silver é a mesma merda e só está aí como Karma para Kreese e a resenha termina por aqui porque a série ainda não terminou.

Por hora me agrada a ideia, a filosofia, a mensagem, os personagens(especialmente Lawrence e Daniel) e posso ao menos dizer que é superior a obra original

7/10
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Added by Magnifik
1 year ago on 18 December 2022 09:30

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kathydarkolorde