Explore
 Lists  Reviews  Images  Update feed
Categories
MoviesTV ShowsMusicBooksGamesDVDs/Blu-RayPeopleArt & DesignPlacesWeb TV & PodcastsToys & CollectiblesComic Book SeriesBeautyAnimals   View more categories »
Listal logo
438 Views
0
vote

Dirty Hands

Dirty Hands
Graças aos Deuses mais um final de semana, faltando apenas quatro episódios para acabar a temporada, temos mais um episódio voltado aos problemas de relacionamento entre os humanos.
Não há muitas cenas isoladas para destacar deste episódio, a importância aqui foi o episódio como um todo, muitos odiaram esse episódio e o acham um ‘desperdício’, já pra mim desperdício é um episódio maravilhoso como esse não ter sido assistido e apreciado por um número maior de pessoas.
O episódio trata dos problemas sociais da estagnação das relações de trabalho, tal qual na vida real, na frota quem é trabalhador de serviços básicos dificilmente consegue progredir idem seus familiares, já quem é de uma posição privilegiada acaba vendo os seus filhos ‘herdarem’ as posições privilegiadas, criando um mecanismo cruel de hierarquia e estagnação.
Tudo isso explode com o livro de Baltar contrabandeado de sua cela pelo seu advogado para a frota, a nave de refino de combustível, que trabalhava em condições desumanas, como destacou Xeno Fenner líder da nave:
“Pessoas que trabalharam 18 horas por dia durante os últimos 6 meses”.
Assim esses trabalhadores causam um problema no refino do combustível, o que resulta em um acidente com uma das naves, que se choca com a Colonial One, obviamente neste momento eles passam a ser ouvidos. Mas devido à citação da obra de Baltar perante Roslin, Fenner acaba preso.
Neste momento é levantada a outra questão relevante do episódio, até que ponto os direitos civis podem sobrepujar as necessidades da frota, até que ponto as reivindicações de Fenner devem ser ouvidas sem um prejuízo da frota como um todo, afinal se faltar combustível a frota se tornará uma presa fácil para os cylons.
Assim com a prisão de Fenner, Adama convoca Tyrol para ir à nave de refino de combustível e resolver os problemas ali existentes, Chief Tyrol aceita, afinal já havia trabalhado com Fenner no sindicato em Nova Caprica.
Importante destacar também o livro de Baltar, “Meus Triunfos, Meus Erros”, no qual ele alerta para as relações de trabalho, os cargos ‘herdados’ e outros problemas já apontados, mas os propósitos dele obviamente não são os mais nobres, Baltar não queria auxiliar essas pessoas, abrir os seus olhos para o problema, Baltar queria uma guerra civil desviando o foco das acusações que pesam sobre ele para um outro problema, parece que conseguiu.
Com a chegada de Galen Tyrol os trabalhadores do refino de combustível somem com uma peça imprescindível para a realização do trabalho, eles usam Tyrol como porta voz para falar dos seus problemas com Adama e Roslin, mas nenhum dos dois parece disposto a ouvir. Roslin manda prender o líder do protesto, Cabbot.
Galen fica com a consciência pesada, e resolve visitar Cabbot e Fenner na detenção, Cabbot está psicótico, ele passou um período na mão dos cylons em Nova Caprica e reviver a experiência de detenção não está fazendo bem a ele, ao invés de se solidarizar Tyrol usa disso para convencer Xeno a lhe dizer a localização das peças escondidas, Xeno acaba por contar, e Tyrol manda que libertem os dois.
Então Tyrol retorna a nave para ligar as máquinas e resolver tudo, porém ele se da conta da quantidade de crianças trabalhando abordo da nave, ele resolve então levantar a questão com Roslin, porém mais uma vez a presidente não escuta, ela diz que não é o sistema ideal, mas que é a única forma de se sobreviver, e que essas crianças estão aprendendo o trabalho de seus pais, e dando continuidade ao trabalho.
Aqui então Galen levanta a questão da perversidade do sistema, essas crianças sempre trabalharam como mecânicos, porque seus pais eram mecânicos e ser mecânicos será a única coisa que eles terão aprendido e saberão fazer, Roslin então se da conta do problema, e resolve procurar entre as outras pessoas da frota pessoas aptas a fazer o trabalho de refino e fazer um sorteio entre elas para assumir a função.
Quero destacar aqui a importância do tema, pois vemos diariamente este problema nas nossas vidas, o rico cada vez mais rico e o pobre cada vez mais pobre, as chances de alguém quebrar essas barreiras vindo debaixo são cada vez menores, tanto que quando acontece acaba por se tornar tema de filme, talvez para mostrar a todos ‘olha é possível’ e dar munição a quem diz ‘só é pobre quem quer’ e ‘pobre é preguiçoso’ e etc., mas sabemos que todos os que quebraram essas barreiras são exceções e que aliado ao esforço, inerente a grande maioria da população carente, eles tiveram sorte e principalmente oportunidade. Claro que nem tudo é preto e branco, mas as populações mais carentes em sua maioria passam por esses problemas.
Voltando ao episódio acontecem problemas com os sorteios propostos por Roslin, ao chamar um jovem que está taxado como fazendeiro, quando de fato só exerceu essa função durante uma semana antes do ataque dos cylons, e agora por resto da vida ele será fazendeiro, e terá que trabalhar no refino sem sequer ter conhecimento da maquinaria. Neste momento Chief acaba por encontrar o livro de Baltar e o lê.
Então Tyrol resolve confrontar Baltar sobre as questões do livro, aqui quero destacar a atuação do James Callis, que durante toda a série é digna de destaque, mas em alguns episódios como este ele se supera como quando ele faz o sotaque dos nascidos em Aerolon. Tyrol diz que as questões levantadas no livro não existem na frota, Baltar se irrita, obviamente se elas não existissem Tyrol não estaria ali para conversar com Baltar. E mais uma vez nos vemos diante da questão direito civis versus necessidades da frota e da estagnação da hierarquia, como diz Baltar:
“Você honestamente acredita que a frota será comandada um dia por alguém cujo sobrenome não seja Adama”.
Qualquer semelhança com ‘Bush pai e Bush filho’ não é mera coincidência.
Abro um parêntese para destacar que a meu ver o discurso revolucionário de Baltar é radical ao extremo, porém ressalvada algumas situações, como ele tentar criar uma confusão na frota, as alegações dele e os problemas levantados são pertinentes.
Mas toda mudança só ocorre devido a algum acontecimento, e eis que ocorre, Tyrol visita a nave aonde finalmente tudo se encontra em ordem com os novos trabalhadores, mas um problema no maquinário faz com que Chief tenha que tentar consertá-lo, porém ele não consegue, e aparece Danny, o ‘fazendeiro’ que havia sido enviado para nave por Tyrol, o jovem rapaz acaba arrumando o problema, porém sofre um dano severo a seu braço, diante disso a mudança se opera e Tyrol declara greve:
“Esta fábrica está desligada. Nós estamos em greve”.
Destaco que os militares não têm direito a greve, ir contra uma ordem de um superior pode acarretar pena de morte, porém salvo Tyrol e os mecânicos os outros envolvidos são civis com direito garantido de greve, mas será que nas condições que eles se encontram nos confins do universo essa garantia de greve deve valer?
Tyrol é preso, ele exige uma conversa com Roslin, Adama encara a greve como um motim, o que acarreta em pena de morte, Adama joga duro e manda que executem Cally como amotinada. Tyrol pergunta se Adama está insano, Adama como sempre responde com um discurso maravilhoso, Edward J. Olmos da um show como sempre, ele levanta as questões de que as ordens devem ser executadas sem hesitação ou:
“Se houver hesitação, e que a obediência seja opcional às vezes, então essa frota irá morrer”.
Assim Galen resolve terminar a greve, às vezes achamos que só nessas situações radicais que conseguiremos ser ouvidos, mas Adama da uma lição em Tyrol, ele diz:
“Pensei ter entendido que tinha algo para discutir com a presidente”.
Assim Tyrol se reúne pela última vez com Roslin para resolver os problemas trabalhistas, Chief aponta que o sorteio de Roslin não funcionou, pois selecionar as pessoas pelo seu local de origem e habilidades não resolve nada, dado que as pessoas têm suas habilidades de acordo com o local de origem, exemplo os das colônias pobres são fazendeiros e continuaram trabalhando com tal, continuando a hierarquia.
Então Tyrol propõem que alguns trabalhos ‘sujos’ que não exigem muito conhecimento possam ser feitos por qualquer pessoa, como os da Colonial One, a nave presidencial, Roslin aceita. Tyrol pede também que as pessoas com trabalho pesado tenham mais tempo de recreação e descanso, fazendo rodízio entre os trabalhadores e com um programa de treinamento, Roslin diz que o programa de treinamento terá que ficar para o futuro próximo, pois a frota precisa destes trabalhadores de agora para seguir adiante, mas Roslin destaca a necessidade de um sindicato para defender o direito dos trabalhadores, Tyrol diz que esse sindicato morreu em Nova Caprica, mas Roslin demonstra a necessidade dele existir ou a sociedade se tornará mais polarizada e:
“Não precisaremos dos cylons, nós mesmos iremos nos destruir”.
Em suma será que vale a pena preservar a frota, sendo que não vale a pena viver nela?
E o episódio encerra com Seelix que havia dito seu pedido para se tornar piloto rejeitado, diante da necessidade de mecânicos, indo para o treinamento de vipers para se tornar piloto, mostrando que as coisas podem mudar mesmo nos confins do universo.

Curiosidades do Episódio

_ Cena extra: Tyrol organiza a lista de sorteio, puxa o nome das crianças atribuídas à nave de refino esperando que elas tenham uma vida melhor, Cally destaca que não existe ninguém da Colonial One na lista e recita trechos do livro de Baltar, Tyrol chega à conclusão de que alguém mais ‘firme’ como Tigh podia dirigir a refinaria que teria mais resultados, Cally segue encorajando o marido a lutar pelos trabalhadores.
_ O sotaque de Aerelon se aproxima do sotaque de Yorkshire (norte da Inglaterra) se assemelhando também com o sotaque da classe trabalhadora inglesa.
_ 41,400 sobreviventes, dois a mais que no ultimo episódio.
Avatar
Added by Lucas Gandalf Leal
16 years ago on 7 September 2007 16:42