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Review of O País de São Saruê

Close no americano Charles Foster e seu rayban modelo em-2013-vai-virar-moda-retrô. Foster está em Sousa, interior da Paraíba, e o ano é 1970. Mas o filme mesmo só seria lançado em 1979, após 9 anos de proibição. Acho que Vladimir irritou muita gente colocando o dedo na ferida: já naquela época o prefeito de Sousa em seu depoimento fala que o problema da seca não é o clima, e que tanto o estado quanto o povo sabe disso - basta apenas que o governo tome as providências necessárias. Apesar de o irmão Walter, hoje o mais famoso fotógrafo cinematográfico brasileiro, não ter feito a fotografia deste filme específico (mas fez assistência de direção) a estética do filme é a coisa mais linda. Ela junto ao ritmo lembra demais os documentários clássicos daquela época, como o curta Flying Padre do Kubrick, por exemplo.

O filme é tão atual e poético que é um crime, sobretudo para um nordestino, não vê-lo. É uma aula de história, ilustrando e economia do algodão, por exemplo, com imagens que eu mesmo nunca tinha visto. E é uma aula de cinema, intercalando suavemente a tríade fauna, flora e minério com poemas tão bem encaixado que eu não sei o que veio primeiro, se eles ou as imagens - quando Paulo Pontes narra "tijolos ao ar" aquilo não podia ser mais literal ao vermos a construção de uma casa na caatinga onde homens no chão jogam tijolos para os homens no alto da casa. Aliás, seria ao mesmo Paulo Pontes, escritor da primeira A Grande Família e parceiro teatral de Chico Buarque? Que vozeirão! Perfeito para o filme.

Tá tudo aqui gente - o cinema, a seca, como resolver a seca, a política, a politicagem, a história. Basta a gente querer ver.
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Added by Pedro Fiuza
10 years ago on 14 December 2013 16:37