Sob perfeito tagline de “Luis Bunuel’s Masterpiece of Erotica!“, o substancioso e fascinante Belle de Jour (1967).
Numa narrativa inquietante, a jovem Catherine Deneuve, ímpar na pele de Severine, é esposa de um cirurgiao a quem ama mas rejeita sexualmente enquanto nutre pensamentos eróticos e escapistas, até que sua inquietude e insatisfaçao a conduzem diariamente a uma maison no período em que seu marido está no trabalho: A Bela da Tarde, altergo realizador de suas fantasias.
Entre seus clientes um industrial masoquista, um asiático sodomista, um duque necrófilo, e o jovem marginal Marcel, personagem que seria um antecessor de Alex Delarge, exceto pela misoginia do protagonista de Laranja Mecanica (1971), mas igualmente contraventor e volátil que se apaixona doentiamente por Belle de Jour. Esse automatismo surrealista de Marcel, ainda que de forma desesperadoramente violenta e gratuita, acaba por sublimar a liberdade de Severine e salvar seu casamento.