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G.I. (Gastei o Ingresso) JOE

O que você costuma procurar num filme? E o que faz com que você goste dele? Normalmente a resposta depende de com que tipo de filme estamos lidando, e do nosso humor na hora em que nos sentamos diante da telona ou da TV de casa e apertamos play. Mas é basicamente a idéia de “ser convencido” e “ser envolvido com a história” que procuramos e que nos faz sorrir de satisfação quando as luzes do cinema se acendem após uma boa sessão.
Em G.I. JOE, se você espera ver cenas de ação eletrizantes, lutas que grudem você na poltrona e movimentos acrobáticos ultra bem filmados, sinto muito, você vai esperar sentado até as luzes acenderem. Tudo bem, talvez eu é que não seja tão impressionável, mas as cenas de luta são tão mal exploradas que dá sono. Cansa de ver.

Se você então tem esperança em ver efeitos visuais incríveis, CGI altamente realistas e design de produção convincentes, você também se decepcionará amargamente. Passaram longe da tecnologia e qualidade de Transformers. Aeronaves que parecem ter esquecido de finalizar o rendering, Chroma key evidente em cenas bestas. Virou moda explicar tudo com nanotecnologia no cinema ultimamente, até controlar humanos para que obedeçam a controles remotos com tela touch-screen e sejam imunes a veneno de cobra o que até o fim do filme isso não revela nenhuma justificativa, mas merece animação didática à la "Dr. House" e tudo. Foi demais pra minha cabeça...

Pessoas em CGI dando saltos absurdos com movimentos tão mal modelados que você ri e faz de conta que não viu o que viu. No fim todo mundo nota. Nessa hora é comum ouvir gargalhadas no cinema. Lembra que você percebeu que Neo parecia um bonequinho de borracha em Matrix 2? Pois é...
Se você então deposita suas fichas em pelo menos algum humor, um pouco de comédia , algum alívio cômico e atuações convincentes que paguem o ingresso, você se frustra novamente. A menos que você tenha se divertido com o Marlon Wayans de “Todo Mundo em Pânico” e “As Branquelas”. Ele só arranca risos de vergonha alheia mesmo porque sua tentativa de convencer no papel de um soldado de elite é completamente falha. Channing Tatum é bem mais técnico e sua cara-de-mau até convence nesse aspecto, mas sua atuação também não vai mais longe que isso. Sienna Miller faz o papel da mulher vilã gostosona de decote que luta corpo a corpo contra a mulher do bem quando todo mundo luta contra todo mundo no alto do filme.
Byung-hun Lee no papel de Storm Shadow (Ninja Branco) talvez seja o cara que faria você sentir algum alívio quando entra em cena. Expressões convincentes e postura de um verdadeiro vilão implacável. Mas a alegria acaba quando começam a contar a história que remonta à infância dele e do Snake Eyes. Não dava para ser mais clichê. Simplesmente jogaram uma motivação infantil besta no vilão e deixaram assim mesmo.

O filme fica sendo constantemente atrapalhado por atuações e detalhes irritantes, como o bigodinho e franja de Saïd Taghmaoui e seu jeitinho estranho... A boca torcida e o cenho franzido do Dennis Quaid pra nos convencer que ele é o militar valentão e sério, a burrice dos “heróis” diante do óbvio plano dos vilões e aquela historinha padronizada de “Sequestrem o herói! Quero-o vivo! Contarei a ele todo o meu plano maligno antes que ele me mate de uma maneira altamente irônica.”

O filme exagera na tecnologia militar e mostra pessoas dirigindo carros e motos perfeitamente comuns em Paris, enquanto aeronaves movidas a propulsão elétrica de todos os tamanhos com piloto automático e comando por voz circulam por todos os lados. Complexos militares gigantescos de fora e aparentemente minúsculos por dentro construídos sob o gelo do pólo norte são coisas típicas dos vilões mais batidos e psicodélicos de um filme de James Bond.
Stephen Sommers (O Escorpião Rei, A Múmia, Van Helsing, Deep Rising) decidiu não se furtar do exagero possível de ser compreendido em algum filme de “Star Wars” mas completamente descabido em qualquer “futuro-não-muito-distante” que se possa meramente imaginar. Exagero em dimensões, exagero de tecnologia, exagero de clichês, exagero de atores ruins, exagero de atores melhores fazendo pontinhas...

Do meu ponto de vista, fico martelando na minha consciência o desperdício de dinheiro que foi aquele ingresso. Se fosse pra ver o que vi, ficaria contente em reassistir “Doom: A porta do Inferno” e “007: Um Novo Dia Para Morrer”. E quando “Boom-Boom-Pow” (música do Will.i.am) tocou nos créditos eu fiquei imaginando uma forma de reaver meu dinheiro e tempo gastos... Mas daí eu me dei conta: Eu gostava disso quando era criança, e gostaria se fosse criança hoje. Naqueles tempos quando eu nem sabia o que era clichê, e quando qualquer caixa de papelão convencia minha imaginação fértil transformando-se em uma aeronave de altíssima tecnologia... Preferia ter visto esse filme antes dos 10 anos, e nunca mais. Hoje, quase 20 anos depois, talvez eu me lembrasse dele com a fantasia de que teria sido um bom filme.
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Added by shiran
14 years ago on 10 August 2009 15:37