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The Maxx review
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Review of The Maxx

Em geral tendo a detestar profundamente o gênero de heróis por várias razões, uma deles é porque são sumamente repetitivas com clichês e mensagens maricas sobre pacifismo e ecologia(com excessão de Watchmen e Batman) sempre ressaltando os valores mais mainstream possíveis em uma tentativa patética de parecer rule of cool, o que eu disse é 80% das histórias da DC e Marvel, em especial nessa época onde tudo tem que conter militância globo hom0, nesse aspecto eu tendo a preferir as obras orientais como os shounens e etc. Outro aspecto que detesto nos quadrinhos americanos é a sua insistência em manter o status quo, os heróis não podem matar ninguém, nenhum herói morre e se morre tem que ser construído outro universo com ele porque não podemos magoar os fanboys, chega em um ponto em que tudo se resume a crossovers e mais crossovers.

Outro aspecto que vejo poucos notarem é o ridículo que é em conceito, homens adultos vestidos de colan lutando contra outros adultos vestidos de colan como se fosse um desfile de carnaval, não creio necessário dizer que a estética de heroi está desgastada. Fora a fandom tóxica que se originou de tudo isso, gente adulta gritando porque há um ou outro ator caro no filme, a fandom de heróis se tornou tão irritante quanto a fandom de Futebol ou de Jojo. O que não quer dizer que todas as obras de super heroi são ruins, ainda mais quando esta recai nas mãos de escritores hábeis como Alan Moore. É o caso de The Maxx que vai muito além da estética de super heróis convencionais, tendo elementos surrealistas e uma estética que vai desde os comics edgy dos anos 80 até estilos mais cartunescos como os desenhos mais antigos do cartoon e nickelodeon.

Nesse sentido devo por muito elogiar a estética de The Maxx, é diferenciada tanto no comic como na adaptação, a adaptação, feita pela mtv, mistura recortes do próprio comic para certas cenas dando um ar de algo feito em flash, oque não quer dizer que seja ruin, possui movimentos bastante fluídos em diversas cenas, ainda mais que quem adaptou conseguiu captar perfeitamente o sentimento cinza e de jazz do comic, basicamente não tenho queixas da produção, a trilha sonora está ok, os traços são sumamente criativos com vários formatos de crânio e uma perspectiva totalmente estilizada com o típico background de cidade punk anos 80.

Ok, é uma série com boa animação e estética criativa, uau, e a história? A história é fantástica em todos os sentidos, tanto na exploração de temas como em desenvolvimento de personagens, The Maxx conta a história de Max, um vagabundo sem teto que está preso a uma alucinação que o teleporta para outro mundo de forma involuntária, esse mundo é fruto da sua esquizofrenia e não existe de verdade, nele Maxx é forte, poderoso, indomável e com uma nobre missão de defender a rainha da floresta, um mundo bem isekai das ideias, mas quando volta ao mundo real volta a ser o vagabundo sem teto e abandonado vivendo com auxílio de uma assistente social que usa roupas provocantes. No mundo real Maxx não deixa de ter alucinações, vendo anãozinhos deformados e tendo a mania de que está sendo perseguido por um lunático misógino chamado Mr Gone. O arco de Maxx gira em torno da sua loucura sobre não conseguir se adaptar ao mundo real se envolvendo em várias encrencas por achar que é um super heroi.

Julie Winters é uma assistente social que decide se "sacrificar" pra ajudar esquisitões como Maxx, livrando-o de problemas, dando comida e etc. Winters é uma espécie de mãe para Maxx, que a enxerga como a rainha da floresta em sua alucinação, Julie é a típica Misato da história, está aí para auxiliar o protagonista loser ao mesmo tempo que esconde problemas emocionais graves. Temos também Mr Gone que é um lunático misógino que tem uma estranha conexão com Maxx, com ele sabendo de tudo sobre as suas alucinações e etc. Gone é o típico vilão Coringa que está aí mais para causar o caos e ser carismático, não atoa que cada aparição sua é um roubo de cena. Temos também Sara que é uma jovem apática e antissocial que sofre bullying e etc, manifestando uma profunda carência de sentido insinuando várias vezes que irá se matar e etc.

Bién, Bién, não é necessário dizer que cada personagem é sumamente complexo e que possuem dilemas fantásticos a nível de exploração temática, começando por Maxx, que é como eu já referi, um vagabundo que tem alucinações em que se vê em um mundo de fantasia onde ele é o herói, as implicações disso embarcam o campo da psicanálise pois se trata de algo bastante comum a cada ser humano, como a própria série explica "todos nós temos dois mundos, o mundo consciente(mundo real) onde somos vítimas das circunstâncias e o mundo inconsciente, um lugar aconchegante, colorido e vívido onde podemos ser o que quisermos" a busca por uma realidade que nos isole da nossa própria realidade é conhecido como escapismo, uma forma de fugir dos problemas que nos cerca, o escapismo pode existir de várias formas, desde drogas a realidade virtual podem ser classificados como tal, vi pouquíssimas pessoas falando sobre esse tema e sobre como ele pode impactar a percepção das pessoas sobre a realidade, muitas pessoas que estão perdidas no escapismo perdem a sensibilidade e as interações saudáveis com as pessoas, a maior prova disso são os índices astronômicos de ansiedade e depressão motivados por percepções errôneas de que devemos ser perfeitos ou que as pessoas nos devem algo apenas porque em meu mundo imaginário individualista é.

E fico feliz que a série dê uma mensagem contra essa mentalidade, o que também não significa que não podemos ser escapistas em nenhuma ocasião, ver coisas para desligar o cérebro ou criar mundos de fantasia para esquecer o mundo ao redor muitas vezes pode ser algo benéfico dependendo das circunstâncias, todos temos um lado escapista, hedonista ou mesmo promíscuo internamente que pode ou não ser potencializado com o tipo de conteúdo que consumimos. Nesse sentido a caracterização de Maxx é perfeita e somado a exploração onírica usada pela estética surrealista torna este um dos personagens mais complexos desde Evangelion. A trama de Julie também é igualmente onírica até a segunda parte, é uma personagem com vários traumas e problemas emocionais graves e sua condição a levou a ser assistente social ajudando gente como Maxx, seu personagem é sumamente complexo e bem desenvolvido na segunda parte, tanto quanto Maxx.

Sara por outro lado é a típica adolescente edgy com vários problemas emocionais devido ao seu corpo, que é reflexo a do descaso e das constantes brigas entre ela e a mãe que parou nos anos 60, Sara tenta insinua por várias vezes ao longo da série que vai se suicidar, sua depressão parte de um vazio existencial que sente por não encontrar sentido algum na vida, nada ocorre e tudo que ocorre é algo negativo, fazendo-a se questionar o porque de ainda estar viva, algo como o Dilema do Homem Ridículo, é igualmente um bom personagem apesar de que possui apenas um episódio e meio de desenvolvimento. Gone por sua vez é o típico vilão de filme que tem um plano maligno para destruir os protagonistas, pero no, seu drama gira em torno de que enlouqueceu de forma similar a Maxx, talvez isso explicando a sua conexão com o mundo fictício de Maxx. é ele quem catalisa os problemas dos personagens os levando a catarse final que é bastante comovente.

Em resumo, The Maxx é não só um desenho esquecido de MTV é umas das mais profundas, tétricas e sombrias séries de animação, seu background é bastante inteligente já que serve como crítica ao meio sobre como são tratados as pessoas com problemas cognitivos, seu maior problema reside no fato de ter deixado muitas coisas em aberto, sobre quem foi Maxx antes de ter enlouquecido, qual o destino de Sara, Gone ou de Julie, se resolveram seus problemas internos e etc. Não chega a ser perfeita mas com tudo com que me foi apresentado a nota não poderia ser menor que um 9/10 simplesmente um dos comics mais interessantes desde Watchmen(que aliás, The Maxx teve o dedo do Alan Moore).

NOTA:

PERSONAGENS:10/10
TEMAS:10/10
ARTE:8/10
DESENVOLVIMENTO:10/10

9,5/10
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Added by Magnifik
1 year ago on 8 September 2022 09:09