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The Bell Jar review
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A Falta de Beleza no Mundo

Falar desse livro é como pisar em ovos porque não é como se tratasse de algo puramente fictício já que carrega consigo elementos autobiográficos de modo que poderia soar arrogante ou mesmo pretensioso da minha parte dizer o que está mau ou errado com certos trechos. A redoma de Vidro é mais um desses livros focados em um só personagem divagando sobre seus pensamentos ao mesmo tempo que narra partes da vida, igual como O lobo da Estepe(cansei de citar memórias do subsolo) aqui entramos em contato com Esther Greenwood uma personagem bastante peculiar que nada mais é que o retrato da autora de si mesma sendo uma auto inserção em toda a regra, narrando como está gradualmente submergindo em problemas emocionais graves ao ponto de afetar a sua própria sanidade, é um livro para lá de pesado e trata de temas dos quais requer do leitor uma certa cautela, não chega a ser tão mórbido como Memórias do Subsolo mas pode causar um certo desconforto pelo sofrimento emocional da protagonista.

Esther é uma personagem bem similar a Holden Caulfield de O Apanhador no campo de centeio, ou seja, é uma personagem bastante cínica que não consegue ver beleza em nada e está constantemente julgando e menosprezando tudo, em parte é reflexo do próprio estado psicológico da autora, esse aliás foi o único trabalho completo dela já que a mesma cometeu suicídio tempos depois. Algo que dá um tom mais mórbido a esse livro, deixando mais como uma carta de socorro que qualquer outra coisa. Devo salientar que de jeito algum estou menosprezando o sofrimento ou os sentimentos que a autora passou mas proponho aqui em vez disso uma análise crítica em relação a mensagem e o desenvolvimento da história, sua intimidade sobre o tema da depressão e algumas observações.

Bom, A redoma de Vidro é sem dúvidas um livro forte mas que infelizmente carrega vários erros comuns a esse tipo de narrativa, o primeiro é, o mais óbvio, o ritmo, simplesmente parece não progredir em vários partes, carece de um objetivo fixo se concentrando mais em como Esther está quebrada emocionalmente o que poderia ser genial para explorar temas e se aproximar de uma exploração psicológica e até existencial mas nop, simplesmente é um relato para lá de mundano já que boa parte do livro é sobre Esther manifestando sua visão de mundo, sendo um misto de feminismo com cinismo niilista, a protagonista é alguém notoriamente amarga e desiludida com a vida, sendo até desagradável em várias ocasiões, incapaz de ver beleza nem sentido em nada é tomada por acessos de loucura e contradição que torna as coisas ainda mais difíceis de conectar. Os temas sobre depressão e suicídio são explorados um tanto que indiretamente já que boa parte do livro conta com Esther descrevendo as coisas com excesso desnecessário de detalhes.

Outro ponto negativo é em relação a exploração temática que digamos assim é bastante pobre, quer dizer o livro não é nada conclusivo, não nos dá nenhuma grande reflexão sobre o tema da depressão, não nos oferece nenhuma perspectiva nem contraponto é simplesmente transtorno psicológico por transtorno psicológico, não há nenhuma mensagem valiosa ou algo que ressaltar, esse é o problema central do livro, a obra de Hesse por exemplo abordava o tema do escapismo, a obra de Dostoyevsky abordava os problemas do niilismo, a de Hamsun a temática da fome e do orgulho, cada um se especializou em algo, o que é um contraste bastante grande em relação a obra de Silvia sinceramente é um dos motivos pelo qual não recomendo esse livro. a depressão de Sylvia afetou tanto a sua escrita que a impediu de chegar além. A protagonista(novamente) é bastante desagradável em ocasiões chegando a criticar um ato de alguém e logo em seguida cometer esse mesmo ato, realmente difícil de conectar e parece por vezes que a autora deseja causar essa impressão.

Em conclusão, não recomendo esse livro pelos erros e pela falta de conteúdo superior, o que houve com a autora foi realmente lamentável e nos mostra a fina linha que nos separa do colossal abismo que é a nossa mente. Finalizo com a reflexão de que devemos remodelar nossas percepções sobre o mundo, ressignificando as coisas e se esforçando para ver o valor e a beleza das coisas da vida para não cairmos na apatia e no cinismo, perdendo o brilho da vitalidade e caindo em pensamentos mesquinhos e autodestrutivos. Como cristão eu posso sugerir uma aproximação com a fé, uma mentalidade mais simples, humildade e em especial o amor ao próximo, não ver a si mesmo como o centro do universo já que isso leva a uma indiferença em relação aos outros, provocando um individualismo que aliena o indivíduo da sociedade, é uma das razões pela qual não compactuo com as obras de Stirner e Nietzche;

5/10
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Added by Magnifik
1 year ago on 18 August 2022 09:01