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Review of Cien Años De Soledad

100 Anos de Solidão um clássico absoluto da literatura latino-americana, escrita pelo romancista colombiano Gabriel Garcia Marquez, conta a trágica história da família dos Buendía que se inicia com a relação incestuosa de Úrsula Iguarán e José Arcádio Buendía. José Arcádio é um homem insensível, frio e em geral distante. Sua relação incestuosa com Úrsula dá frutos,  tendo filhos com José Árcadio, apesar de temer que seus filhos venham ao mundo com alguma deformidade. José Árcadio apesar de ser solitário e frio logra evoluir e desenvolver o povoado onde mora sendo considerado um verdadeiro patriarca. Sua falta de empatia e amor pelos filhos resulta em todo o prosseguimento da história. Levando a desenvolver uma história genuinamente trágica cheia de tristeza, incestos e principalmente solidão. Traço marcante de vários personagens na obra, um livro bem depressivo e cru no sentido de que nos mostra a decadência de uma geração inteira que parecia dar certo ao início mas que falha miseravelmente condenando-os a 100 anos de solidão. Aqui também há uma profecia que conduz a toda a história mas que não é explícita e nem interfere para salvar os protagonistas.

Diferente de algumas obras de tragédia que simplesmente castigam de forma visceral os personagens por razão alguma, como em obras edgy emo, aqui cada tragédia e conclusão tem razão de ser e é aprofundada. Mostrando como os atos de nossos antepassados podem influenciar e danificar gerações inteiras, condenando todos a um sofrimento cíclico que parece não ter fim. Como um sistema cármico que dura para sempre, dando uma mensagem sobre não seguir certos caminhos para evitar arruinar a própria vida e dos descendentes. O que torna impactante é que todos os personagens, como dito anteriormente, possuem razão de serem trágicos já que o livro expande de forma excepcional o drama e a tragédia dos personagens de forma psicológica, mostrando a degradação de José Arcádio, a solidão e a falta de amor de Aureliano, a apatia de Úrsula e etc. Úrsula por exemplo, em sua velhice se dá conta de que o amor e a falta de amor em sua família ocasionou todas as tragédias, sendo uma das poucas personagens que entende o ciclo, sendo a ela quem mais desenvolve amor e afeto pelos outros membros.

José Arcádio por outro lado é alguém mais selvagem e bruto, e que infelizmente se sabe muito pouco sobre sua mudança durante os capítulos, também não entendi muito sobre sua esposa ser uma criança. Bueno passamos para Aureliano Buendía o melhor personagem da obra, cheio de contornos psicológicos e com o melhor desenvolvimento, sendo ele desde jovem alguém solitário e antissocial incapaz de amar ninguém de verdade, vivendo em um ciclo de apatia e tristeza interna, que o leva a guerrear e cometer atrocidades terríveis enquanto milita por uma espécie de revolução liberal no meio de uma guerra civil. Sendo capaz de matar até seus próprios amigos pelos ideais, se enchendo de orgulho e criando um misticismo lendário em torno do seu nome. Se dando conta ao final que toda essa matança não fez sentido, mas que já não podia retroceder pelas circunstâncias sendo renegado a uma vida medíocre que nada fez jus ao legado militar que deixara.

Temos também Amaranta que aparenta possuir problemas mentais, sendo isso apenas um subterfúgio para esconder suas covardias internas, sendo diferente a Aureliano que era incapaz de amar, ela todavia era amava porém era covarde demais para revelar seu amor vivendo um ciclo de autonegação, reduzindo sua vida a gostos extravagantes e um modo cômodo que a livrava de ter certas responsabilidades. O mesmo dilema há em Arcádio, não José Arcádio Buendía, nem José Arcádio, são dois personagens diferentes, eu sei é confuso mas deves ter em conta o nome dos personagens para que não te confundas. Arcádio por outro lado é um tipo que ganhou fama ao tomar o poder abusando e procurando comodidades sendo condenado e se arrependendo no final mostrando que tinha amor por sua família, desejando que o nome de seus filhos sejam os mesmos nomes de familiares seus. Temos os 17 Aurelianos que são filhos do Coronel Aureliano Buendía, frutos de estupros e prostitutas que o mesmo engravidou nos tempos da guerra civil, na verdade nenhum é realmente importante e alguns possuem finais sadistas e deprimentes.

Temos Aureliano José que tem uma relação amorosa com Amaranta(sua tia) fora disso, não tem uma grande caracterização ou se é que tem, já que todo seu personagem é mais uma ferramenta da história para mostrar como Amaranta está emocionalmente quebrada. Temos Pilar Terneira que é uma cigana promíscua que prevê o futuro através das cartas, também não tem grande caracterização sendo mais definida por ser promíscua. Temos Remédios Moscote que tem uma relação de pedofilia com Aureliano, Santa Sofia De La Piedade que não importa já que sabemos nula coisa sobre ela. O restante dos personagens são cíclicos e representam os mesmos problemas emocionais dos personagens anteriores, José Arcádio segundo é igual a Aureliano Buendia e José Arcadio primeiro, está envolvido com a guerra, com revoltas e protestos civís, sendo igualmente um promíscuo hedonista. Aureliano segundo e Petra Cortez são promíscuos impulsivos que bom, não há nada muito de especial fora o fato de que são promíscuos. Por mais que seja repetitivo, esses personagens estão na história com o fim de ressaltar a natureza cíclica dos erros passados de uma geração à outra.

Temos também Fernanda, esposa de Aureliano Segundo que vivia uma vida cômoda cercada por conforto e riquezas, que ao plasmar a vida fútil e vazia de seu marido entra em uma espécie de negação e ressentimento que é sintetizado de forma catártica quando passa por grandes dificuldades econômicas com Aureliano Segundo, xingando-o por ser um gordo acomodado incapaz de reagir aos problemas de seu entorno, inspirando Aureliano José com birras a agir. Temos José Arcádio, filho de Aureliano segundo e Fernanda, sendo um desagradável, insensível e bueno, Renata Remédios está determinada a terminar sozinha com um drama similar a Amaranta. Por fim temos Amaranta Remédios e Aureliano Babilônia que existem para concluir o livro. O problema geral do livro é que algumas tramas se repetem, se repetem de forma proposital para enfatizar a mensagem do livro sobre como estão cometendo os mesmos erros de forma cíclica, ainda sim muitos desses após a primeira geração não são tão complexos ou alguns nem sequer são decentemente caracterizados, fora o fim trágico dos 17 aurelianos.

Ao final Aureliano Babilônia descobre que os escritos de Melquíades eram na verdade previsões, toda a história da família Buendía contada nos pequeninos detalhes justificando o ponto anterior da trivialidade de alguns arcos. O livro é tão complexo que o próprio autor se perdeu, e esqueceu de justificar ou explicar alguns pontos da história como o massacre dos proletários na compania bananeira, por que isso aconteceu e qual é o significado por trás disso? O que o autor quis dizer? Queria enfatizar a opressão governamental dos antigos regimes latino-americanos às rebeliões internas? Pode ser já que o autor pessoalmente possui tendências esquerdistas, mas ainda sim não é explicado o porque nem as repercussões desse massacre. Uma coisa é o livro possuir momentos inúteis de alívio cômico, outra é deixar em branco resoluções de eventos grandes ocorridos dentro da história, fora alguns personagens que parecem estar fora do lugar ou são simplesmente inúteis ou sem propósito como José Arcadio(de Aureliano Segundo e Fernanda).

Apesar de tudo o livro é excelente justamente pelos personagens mais complexos como o primeiro Aureliano, José Arcadio Buendia, Úrsula, Amaranta e etc. É complexo por possuir muitos personagens, literalmente 100 anos compilados em um livro, nos dando uma moral sobre como não devemos agir de forma covarde perante a vida, representado na tragédia de Amaranta. Sobre como não devemos ser frios e apáticos, como representado em Aureliano, sobre como a falta de amor e atenção pode prejudicar uma geração inteira, afinal de conta é sobre isso que o livro fala, é uma tragédia em toda a regra. Dando ênfase no poder de escolha dos seres humanos e sobre como nossas ações podem afetar gerações inteiras, sobre como meros atos podem desencadear uma série de eventos que podem terminar em massacres, guerras ou uma profunda tristeza e solidão. Mostrando consequências e uma linha reta da qual todos devemos seguir ou pelo menos tentar seguir com o fim de gerar virtudes em vez daquilo que o livro apresenta.

Sendo amargo o suficiente para nos mostrar que nossos atos estão cheios de responsabilidade e a forma como vemos e tratamos o mundo pode se refletir em várias gerações, nos dando uma resposta sobre por que há tanta injustiça, sofrimento e falta de empatia no mundo, sendo a falta de atenção de José Arcádio Buendía o que fez Aureliano se tornar frio incapaz de amar desencadeando a guerra civil causando a morte de várias pessoas. Sobre como o comodismo e hedonismo pode prejudicar não só o indivíduo como todos ao seu redor, ocasionando abusos de poder e matanças desnecessárias, inspirando a agir de forma virtuosa. Possui uma moral bonita e diria até cristã, até mais cristã que muitas dessas obras gospel onde todos são ajudados por Deus porque sim e não há consequências porque Plus! "DEUS ESTÁ DO MEU LADO INDEPENDENTE DO QUE FAÇO E NÃO EXISTE CASTIGO OU KARMA". Mostrando também como nossos valores internos são passados pra todos os nossos descendentes porque no final do dia quando a família Buendía finalmente logrou algo significativo para sua linhagem essa mesma carecia de pessoas para ver a continuação dos atos, mostrando também a importância do passado já que como todos tinham esquecido o passado, haviam de cometer os mesmos erros uma e outra vez e não entenderiam o porque dos erros já que não sabiam sua origem. Dando uma mensagem que beira o existencialismo que entraria em temas transcendentais.

Em resumo 100 anos de solidão é um excelente livro com uma mensagem impactante e uma das mais belas que já vi, possui tudo que eu gosto em obras de ficção, tragédia, consequências, personagens psicológicos, mensagens filosóficas e uma gama variada de personagens que transcendem até mesmo gerações, quiçá gostaria que os personagens da segunda parte fossem mais explorados e justificados, ainda sim os bons personagens sustentam a história. A mensagem é fantástica, os personagens(pelo menos da primeira parte) são bons e em geral o livro conta com poucos erros reais tais como não justificar certos acontecimentos ou esquecer de caracterizar certos personagens. Por isso e por muito que considero um excelente livro merecedor de 9/10, merece seu status e todo seu reconhecimento.

Escrita:8/10


personagens principais:10/10


personagens secundários:7/10


importância histórica:8/10


temas explorados:10/10


nota somada:8,6


notal final:9/10(+1 fator pessoal)

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Added by Magnifik
2 years ago on 19 March 2022 00:58