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Synedoche New York, um filme sobre a vida de um cidadão chamado Caden Cotard, no qual nos mostra de forma surrealista, sua decadência explorando temas como a morte, vida, depressão, moralidade, conformismo, vazio existencial e mais. Trata-se de um genuíno retrato da modernidade e de suas contradições, a que me refiro? bom basicamente Caden é um desses personagens tridimensionais que só podem ser explorados ao máximo com recursos metalinguísticos e simbolismos subjetivos, não é algo fácil analisar esse filme já que por conter tantos simbolismos fica difícil arrumar uma interpretação para cada um deles, pessoalmente não gosto de obras demasiado subjetivas e simbólicas que não levam a lugar nenhum e que só estão para parecer "cool" não é o caso de Synedoche New York, os simbolismos não estão atoa e servem para fazer um ponto sobre a vida e a percepção de Caden ao longo de sua vida, também não quer dizer que o filme em si não tenha um ponto apenas por ser difícil de interpretar. O filme começa exibindo a vida cotidiana de Caden, expondo alguns aspectos de declínio mental do protagonista bem como um matrimônio em crise e uma paranoia em Caden de que estaria morrendo por uma doença terminal, a crise em seu casamento desdobra em um romance com sua secretária enquanto pouco a pouco se distancia de sua filha sem que ele mesmo tenha se dado conta, apenas esse início já nos diz bastante sobre o protagonista e revela ser mais um estudo de personagem que culminaria em um anti-desenvolvimento.
A segunda parte do filme é sobre Caden buscando criar uma super peça sobre a vida em uma cidade, tudo parte da tentativa do personagem de explicar e entender a realidade, a propósito nessa parte do filme onde a influência surrealista se torna mais notável. fato interessante é que os simbolismos se tornam mais evidentes a medida que Caden decai ainda mais, com sua filha se tornando uma prostituta, com seus pais morrendo, encontrando a mulher que ele amava com outra pessoa, o que contribui ainda mais para a sua catarse emocional culminando no fim onde questiona sobre o valor da vida e sobre os problemas inerentes a mesma, há um diálogo que eu acho espetacular nesse filme:
"o que já esteve diante de você, um excitante e misterioso futuro... agora ficou tudo para trás, vivido, entendido, decepcionante, você percebe que não é especial, você lutou para subsistir e agora escorrega em silêncio para o fim, essa é a experiência de todos, de cada um, todos são todos" "e toda a tristeza dela é sua, toda a solidão dela, o cabelo grisalho, as mãos avermelhadas são suas, é a hora de você entender isso, quando as pessoas deixam de adora-lo, quando perde sua juventude, sua beleza, suas características, quando percebe que não há ninguém e que nunca houve, você pensa em dirigir, sem vir de lugar algum, sem chegar a lugar algum, dirigir e passar o tempo"
Esse diálogo final é fantástico, algo que arranha o pensamento de todo ser humano é sobre a velhice e a morta, sobre o significado da vida e sobre se ela realmente valeu a pena, é nos minutos finais que Caden reflete sobre tudo que fez e construiu em vida, chegando a uma conclusão final que é interrompida pela morte. No entanto o filme não é apenas sobre Caden, mas sim sobre mim, sobre você, uma crítica a insensibilidade das pessoas em relação as outras, sobre como no final a única coisa que importa são nossas desgraças, sobre como a moral, a realidade e a vida em si mesma se tornaram subjetivas e sem significado, talvez essa seja a principal mensagem do filme, a busca por um significado, por uma verdade, por um novo horizonte, isso está bem específico na peça teatral de Caden, nos simbolismos e na própria vida do protagonista, Synedoche New York é um filme espetacular a nível temático, é uma daquelas obras que só poderiam ser contadas desta forma, tal como evangelion, explorando a psique dos personagens através de alegorias e metáforas figurativas, simplesmente perfeito.
Nota:
atuação:10/10
história:10/10
personagens:10/10
música:9/10
desenvolvimento:10/10
NOTA FINAL: 10/10 excelente
