Misturar música e cinema não é tão difícil. Difícil mesmo é fazer as duas se fundirem numa só arte. "Noel - Poeta da Vila" recria a história de um dos maiores sambistas de todos os tempos: Noel Rosa.
Dirigido por Ricardo Van Steen, "Noel..." conta com excelência a vida do sambista que morreu novo, mas que deixou mais de cem canções que, muitas delas, marcaram e marcam até hoje a cena do samba, o carnaval. Boêmio, Rosa sempre estava num bar, no meio de roda de samba, com um cigarro na mão, cantando sempre um samba qualquer que mais parecia poesia cantada.
O filme se mostra atento a todos os acontecimentos importantes da vida do compositor. Da criação de alguns dos seus grandes sambas até o árduo relacionamento com uma dançarina de cabaré. Relacionamento que só se desenrola na vida boêmia de Vila Isabel que, como diz o poeta, é o berço do samba. A fita tende a mostrar bem as características de cada personagem. A melancolia de Noel, o amor de sua mãe com o filho, a cabeça perturbada de seu pai e mais tantos outros personagens que se revelam importantes.
Dentre as atuações, vale destacar Rafael Raposo que interpreta o próprio sambista e consegue convencer cantando como o cantor cantava e mostrando com fidelidade a feição torta da boca de Noel. Camila Pitanga também dá seu show como o grande amor de Rosa. A cena em que os dois transam pela primeira vez, de máscara devido a tuberculose de Noel, é sublime, poética.
"Noel - O Poeta da Vila" consegue mostrar, mesmo com todos os problemas da vida do sambista, o mundo de Noel Rosa como um reduto do samba, cheio de alegrias, de mulheres da zona, de rodas de samba movidas a pandeiros e violões, e claro, cerveja. Pura Boemia.
8/10