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Meno Reviews

Meno review

Posted : 2 years ago on 11 April 2022 10:49

Menon de Platão: Trata-se de um diálogo de Sócrates transcrito por Platão, sendo o mais curto dos diálogos de Sócrates contendo em torno de 30 páginas. Em Menon, Sócrates discute com seu amigo Mênon a respeito da definição de virtude, Sócrates diz não saber o que é a virtude dizendo que não conhece ninguém que também o conheça, sendo amplamente contra o pensamento sofista de relativizar e impressionar as pessoas através da retórica, Sócrates afirma que era impossível ensinar a virtude, virtude que em grego "aretê" significando "excelência" seria segundo as definições prévias, as características separadas de uma espécie e gênero, sendo por exemplo, a virtude de uma boa faca, o corte, a virtude de um bom arqueiro, a precisão e assim por diante. Basicamente, a virtude seria a capacidade de algo realizar a sua função da melhor maneira possível, o problema surge quando Sócrates nega essa definição, definição dada por Mênon, e explica que Mênon havia explicando as várias instâncias da virtude mas não a virtude em si, seu significado próprio separado, é então que Mênon explica que a virtude "é a habilidade de governar pessoas" no caso a virtude seria, no contexto grego, uma espécie de motor que dirige as pessoas para o propósito, a excelência puramente, o que estaria intimamente ligado ao indivíduo e a sua busca por felicidade, prazer e satisfação, sendo a virtude as características que nos levam a chegar ao poder para governar as pessoas.

Sócrates após ouvir essa definição nega e explica que a habilidade de governar pessoas somente é boa se for ela for justa, todavia a justiça é apenas uma parte das várias virtudes, o problema da definição de Mênon consiste justamente em tentar definir o conceito de virtude pelas suas instâncias. O questionamento fica mais claro quando Sócrates explica através de uma analogia que o conceito de forma não pode ser definido a partir de uma definição de círculos ou quadrados, formas seriam justamente o que essas figuras compartilham entre si, logo forma não é quadrado ou círculo isoladamente, essa é a característica que compartilham entre si. Logo então é definido que forma é "aquilo que é aprendido pelas cores" sendo assim, Mênon novamente tenta explicar que "a virtude é o desejo de ter e adquirir, aquilo que é belo e bom" mas novamente Mênon é refutado através do seguinte raciocínio "se todos desejamos aquilo que é bom, logo as pessoas diferem conquanto sua habilidade de adquirir as coisas que elas consideram belas e boas" no entanto, todavia, contudo é possível querer e conseguir as coisas boas através de métodos maus e injustos, uma pessoa virtuosa não se utilizaria do mal para conseguir os benefícios.

Se tudo que é bom é virtuoso então a pessoa que é boa é a que age de maneira virtuosa, logo voltamos ao início cometendo o mesmo erro de reafirmar o conceito que já foi estabelecido antes, uma tautologia, um exemplo seria "azul é de cor azul" logo o que ela define já está definido, sendo essa uma discussão inútil para o caso. Mênon então desiste do debate e assume que o que aprendeu com os sofistas estava errado, causando uma "aporia" um estado de perplexidade onde o indivíduo começa a duvidar dos próprios conhecimentos, sendo descrito por Sócratres como o primeiro estágio do conhecimento. "Ou nós sabemos de algo ou não sabemos, se sabemos nós não precisamos procurar sobre. Entretanto, se nós não sabemos, não é possível nós procurarmos sobre uma vez que, nós não saberemos o que estamos procurando e nem iremos reconhecê-lo se nós acabarmos achando aquilo que procuramos" um paradoxo, no entanto é mais que um paradoxo, é um sofisma já que o sofisma é justamente uma ferramenta retórica usada para convencer e chamar a atenção das pessoas para os debates, em geral os sofismas possuem uma estrutura lógica inconsistente, uma conclusão falsa e erros facilmente notados.

Respondendo ao paradoxo, nem todos possuem o conhecimento sobre determinado objeto, da mesma forma, ninguém possuem nenhum conhecimento sobre qualquer coisa, sendo assim, mesmo que uma pessoa saiba de algo, nada impede que ela busque saber mais sobre aquele algo, mesmo que ela tenha conhecimento mínimo do algo, ela sabe reconhecer o que é o algo, logo todos reconhecemos o que queremos aprender. Segundo Sócrates, aprendemos as coisas de acordo com nossas experiências em vidas passadas, com a alma navegando em vários corpos adquirindo experiências e conhecimentos de várias vidas anteriores já sabendo de tudo, necessitando apenas de pequenos estímulos para relembrar. Sócrates então finaliza dizendo que a virtude é benéfica mas que só pode ser plena se for acompanhada de conhecimento e sabedoria, por exemplo, a coragem é uma virtude, mas em mãos erradas ela não passa de imprudência, de modo que a virtude é uma forma de conhecimento, ensinável. Mas ai decorre um erro lógico reconhecido pelo próprio Sócrates "se a virtude é um conhecimento e todo conhecimento pode ser ensinável então onde estão os professores da virtude?". Um colega de Sócrates responde que para se aprender a virtude deveríamos pedir conselhos aos mais velhos, no entanto Sócrates cita vários exemplos de pessoas virtuosas que não ensinaram bem seus filhos.

"Todos nós podemos ter ou não conhecimentos de botânica, no entanto todos nós podemos cultivar plantas em nossos quintais, tudo dependerá da sorte das pessoas, para ter certeza que a planta dará certo seria necessário conhecimentos em botânica, no entanto algumas pessoas não necessitam disso para brotar plantas no quintal, logo seria a virtude igual, algo que se tem por vezes com a intuição e por vezes com a sabedoria, sendo difícil a quem conseguiu brotar uma flor em seu quintal, ensinar como que se cultiva" sendo algo intuitivo a virtude segundo Sócrates seria "um presente dado pelos deuses" simplesmente uma ideia de determinismo teológico, que abre um leque de questionamentos.


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