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The Sculptor review
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Review of The Sculptor

O Escultor de Scott Mccloud é uma hq lançada em 2015 que conta a história de um escultor frustrado de nome David Smith que após fracassar em mais um de seus trabalhos acaba entrando em um estado de depressão onde acaba fazendo um acordo com a morte onde esta lhe concede poderes de materializar todas as suas ideias, no entanto David tem apenas 200 dias para fazer suas esculturas se tornarem populares, nesse meio tempo ele conhece Meg uma ex-atriz também frustrada que desenvolve um romance por David do qual termina sendo chave para o desfecho da obra. Passando por vários temas como o valor da vida, o valor da arte, transcendência, morte e consequência, com David sacrificando sua vida inteira pela arte ao invés de seguir uma vida cômoda e padrão como sugerido pela morte, David argumenta que todos temos um propósito para cumprir enquanto vivos e que por mais satisfatória que seja sua vida, imortalizar e transcender a própria morte criando fama e sendo lembrado é mais importante que tudo isso, uma mensagem interessante.

De modo que David quer criar uma arte que seja imortalizada no mundo e que não seja esquecida jamais, explorando temas interessantes sobre a individualidade e se podemos nos tornar mais que medíocres, a hq apresenta dois pontos de vista dispares em que um, a arte transcende a vida do autor e influencia milhares de pessoas, por outro lado também nos joga a dúvida de que seremos inevitavelmente esquecidos com o passar dos anos e que nada no mundo é infinito. A hq toma a via mais otimista dizendo que "apesar de que seremos esquecidos, ainda sim devemos aproveitar cada momento no presente" porque mesmo após a morte podemos deixar nossas marcas em outras pessoas que transcenderão os valores que você passou enquanto vivo deixando um certo impacto. Por outro lado jamais seremos lembrados se nossas obras não representam nada e não significam nada, David percebe isso quando sua esposa Meg morre e é então que decide fazer sua última super escultura que basicamente é uma escultura de Meg erguendo uma criança, em celebração à vida. O ponto alto da obra é que David sempre quis ser lembrado por algo e suas esculturas iniciais são bombásticas mas não significam nada e não possuem nenhum valor, quando a única pessoa que tinha consideração por ele morre é então que ele percebe que ser lembrado não significa nada se for apenas isso e que o grande plot está em ser lembrado pelo valor transcendente que suas obras representam.

Sobre a pergunta se "vale a pena morrer pela arte?" a resposta está na hq, David aprende ao final que devemos fazer sacrifícios pela arte, mas não sacrificar a própria vida, lembrando que a arte é um complemento da vida e não seu propósito final. Tanto que a escultura final de David é justamente para ressaltar o ponto de que "vale a pena viver" viver antes de tentar imortalizar suas obras, David no início queria imortalizar tudo que via e sentia, mas tudo isso não significava nada além de situações disformes e voláteis, essa é uma das razões também pela qual a arte de David era menosprezada por todos, e entendendo o erro que cometeu quando fez o acordo com a morte. Outro assunto abordado na hq se refere a conexão humana, coisa que David consegue sentir apenas quando está com Meg, ressaltando a importância do contato humano. Passando por esse tema temos também uma discussão filosófica a respeito do subjetivismo, com o amigo de David acreditando que tudo pode ter valor, que o valor de algo é estritamente subjetivo, e que se eu tenho o desejo de tornar algo valioso e importante eu posso, não importa o que seja, David por outro lado argumenta que as coisas possuem valores bem definidos e mesmo que ignoremos ou simplesmente esqueçamos esse valor ele ainda estará lá, dando uma mensagem contra essa ideia moderna de subjetivismo e demonstrando porque a arte moderna(cubismo e dadaísmo) no fundo não significam nada e carecem de valor transcendental.

Outro tema que a hq explora é em relação a mediocridade, sobre se somos capazes ou merecedores de nossos objetivos e sonhos, como explicado na obra existem vários David Smith e cada um com um certo grau de relevância, David entendendo isso passa sua vida inteira buscando ser reconhecido vivendo em função disso, esquecendo e ignorando todos ao seu redor se tornando solitário e vazio, e por consequência perdendo amigos e oportunidades ressaltando novamente o valor do contato humano e ao mesmo tempo semeando uma discussão sobre se podemos superar a mediocridade por esforço próprio ou somos apenas frutos de situações do acaso, e a hq em vez de dar uma mensagem cômoda de que não somos responsáveis por nossos atos e que tudo depende de fatores externos e das circunstâncias, pelo contrário, nos mostra que o esforço é a chave para lograr as metas, no entanto nos mostra que devemos medir e direcionar esse esforço para algo de valor, caso o contrário terá sido perda de tempo. A mensagem central é que devemos nos esforçar para lograr nossos objetivos, mas não devemos colocar nossos objetivos acima de nossas vidas porquê são justamente os nossos objetivos que nos impulsionam a viver, regressando novamente à mensagem final da história de que a vida vale a pena.

No entanto, mesmo cumprindo com nossos objetivos, podemos ser pessoas mortas em vida certo? Sim, assim como David que se esforçava e vivia tentando fazer sua arte dar certo mas falhava porque mesmo tendo objetivos e metas, ele não valorizava a própria vida e ignorava as pessoas ao seu redor e somente quando conhece Meg é que se dá conta do abismo que estava, vazio e morto por dentro, aprendendo no final sobre o valor da vida e do contato humano, contemplando  toda sua trajetória em uma cena sensacional vendo tudo passar pelos seus olhos por alguns segundos, desde o nascimento até aquele instante. Sobre os personagens tirando Meg e David, o restante está apenas para complementar esses dois, sobre ambos não há o que criticar, estão perfeitamente explorados, possuem seus próprios dilemas, conflitos e psicologia por trás que os tornam personagens bastante redondos e completos. Em termos de exploração David é perfeito, tem um arco de evolução, vários questionamentos, inseguranças e etc. Sendo David alguém cínico, meio narcisista, melancólico e depressivo ao contrário de Meg que é alegre, empática e extrovertida mas que ao mesmo tempo possui defeitos como de ter crises de depressão momentaneamente e de ter certos traços de promiscuidade assim como David que possui algumas virtudes como ser leal, ter senso de responsabilidade e força de espírito para cumprir suas metas, com ambos complementando um ao outro em suas falhas e virtudes. O que poderia criticar da obra é que tem uma arte bastante simples e alguns erros de desenho aqui e ali mas sinceramente não é algo que apague a grandeza dos seus temas, de forma que não dou a essa hq um 10/10 apenas porque gostaria que aprofundasse mais todos os seus temas, ainda sim é uma obra digna de 9/10.

PERSONAGENS:10/10

DESENVOLVIMENTO:10/10

TEMAS:10/10

ARTE:7/10

NOTA FINAL:9,25/10
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Added by Magnifik
1 year ago on 26 April 2022 00:38

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dexfuturandres888